sábado, 6 de novembro de 2010

Sobre o Abandono



Feito as folhas secas que, ao tempo, se abrasam
a solidão inflama o vácuo incognoscível da alma,
que, do ser solitário, queima o estopim de um trauma
e apaga-se quando as lágrimas nos olhos se abraçam.

O abandono é conveniência que explora a goela
com a dialética pré-definida mas, por fraqueza,
morre na mesma boca que cospe a tristeza
na face em que a lembrança os dentes amarela.

Aquele que foge deixa-nos o fardo imenso da saudade:
a infindável dor que constringe o vazio interior.
A angústia monopoliza o frágil subconsciente.

E é quando o soluço engasga-se na infelicidade
que o pranto anestesia a chaga nativa do amor
e padece junto à vítima deste fado insolente.





- (PIMEENTA)

Nenhum comentário:

Postar um comentário